Os principais veículos jornalísticos internacionais repercutiram a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira, 18, no inquérito que investiga tentativa de golpe no Brasil. Nos Estados Unidos, a imprensa enfatizou o “contraste marcante” que a denúncia de Bolsonaro e outras 33 pessoas representa em relação ao tratamento dado a Donald Trump nos EUA.
Reeleito para a Casa Branca em novembro do ano passado, Trump foi o primeiro ex-presidente americano a ter uma condenação criminal na história do País – assim como o primeiro presidente a tomar posse enquanto “condenado”.
‘New York Times’
Reportagem do New York Times explica que tanto o republicano quanto Bolsonaro foram acusados de pressionar pela anulação de um pleito presidencial. O caso de Trump foi arquivado quando ele retornou ao poder, enquanto Bolsonaro está talvez em seu ponto político mais fraco até agora“, diz o jornal americano. A prisão do ex-presidente brasileiro proporcionaria, de acordo com o veículo, “um contraste marcante com os Estados Unidos”.
Enquanto a Suprema Corte dos EUA decidiu que Trump estava amplamente imune a processos por suas ações como presidente, a Suprema Corte do Brasil agiu agressivamente contra Bolsonaro e seu movimento de direita”, avaliou o New York Times.
‘Washington Post’
De acordo com o jornal Washington Post, a decisão de investigar e acusar Bolsonaro por seu papel na tentativa de subversão das instituições eleitorais do País marcam “um forte contraste com as consequências da insurreição de 6 de Janeiro nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump evitou amplamente as consequências”.
As condenações de manifestantes que participaram da invasão à Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, constituem outro ponto de comparação. “Após seu retorno à Casa Branca, Trump rapidamente perdoou praticamente todos os envolvidos no tumulto de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio dos EUA”, ressaltou o Washington Post.
Em nota divulgada a noite desta terça-feira, 18, a defesa de Jair Bolsonaro rebateu a denúncia da PGR chamando-a de “inepta”, “precária” e “incoerente”. Os advogados do ex-presidente também alegam que a denúncia é baseada em um acordo de colaboração “fantasioso” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.
O posicionamento de Bolsonaro também afirma que, “a despeito dos quase dois anos de investigações, (…) nenhum elemento que conectasse minimamente o (ex-) presidente à narrativa construída na denúncia foi encontrado”.